
A GALERIA DOS OLHARES
- casalsiri
- 26 de ago.
- 5 min de leitura
A exposição
Priscila sempre teve um talento para escolher lugares que despertavam algo novo em nós. Era sábado à noite quando ela me sugeriu irmos àquela galeria. Moderna, silenciosa, quase oculta em um beco entre prédios de concreto cru. A instalação principal se chamava “A Galeria dos Olhares”.
Na entrada, recebemos uma explicação breve: deveríamos circular pelo espaço, observar as pessoas — e ao fim, escrever anonimamente uma fantasia sexual inspirada em alguém que vimos ali. A regra era clara: sem nomes, sem contatos, só o desejo projetado num papel.
Eu ri. Priscila mordeu o lábio, adorando a ideia.
Nos separamos discretamente, como os outros visitantes. Caminhei entre corpos, silêncios, olhos que evitavam contato direto. Senti olhares em mim também. Mas o mais curioso foi ver Priscila — minha mulher — sendo olhada. Um vestido vinho justo, salto alto e aquele olhar que ela usava quando sabia estar no controle. Eu a desejei ali mesmo.
No fim, escrevi minha fantasia. Entreguei. E fomos embora sem falar muito. O silêncio entre nós era denso — cheio de imagens que nem precisavam de palavras.
O primeiro bilhete
Na manhã seguinte, recebi um e-mail da galeria. Um texto formal e um anexo:
“Seu bilhete foi entregue. Em troca, receba agora uma fantasia que inspirou outra pessoa a partir da sua presença.”
Abri curioso.
“Sua mão firme e seus olhos impacientes me fizeram imaginar você me conduzindo em silêncio. Eu, ajoelhada. Você, em controle total. Quero obedecer. — 08”
Meu pau endureceu na hora. Mostrei a Priscila. Ela sorriu e mordeu o canto da boca. Depois me entregou o dela.
“Gostaria de amarrar você nua em frente a um espelho, só para ver como se entrega ao prazer quando se sabe observada. — Número 17”
Ela estava molhada. Eu também.
Decidimos: iríamos realizar as fantasias — um do outro, através das palavras de desconhecidos.
A obediência de 08
Naquela noite, preparei tudo. Luz baixa. Uma cadeira no centro do quarto. Quando Priscila entrou, eu apenas disse:
— De joelhos.
Ela obedeceu sem uma palavra. Vesti apenas a camisa social. Ela estava nua. Mãos atrás das costas. Me olhava de baixo para cima, esperando. Eu abri o zíper e segurei meu pau perto da boca dela, sem deixar tocar.
— Vai ter que esperar.
Caminhei em volta. Ela acompanhava com os olhos. Passei os dedos por sua nuca, puxei os cabelos devagar, forcei o queixo para cima.
— Você quer ser controlada?
Ela assentiu. Ajoelhada, com os mamilos eriçados, pronta. Fodi sua boca devagar, olhando em seus olhos. E quando gozei, mantive os olhos nela — e vi um sorriso de satisfação no canto da sua boca suja.
O espelho de 17
No dia seguinte, era a vez dela. Quando entrei no quarto, vi tudo preparado. Luzes apagadas, velas acesas, uma cadeira diante do espelho. Ela estava ali, nua, com uma fita vermelha nas mãos.
— Senta — disse. — E me amarra.
Fiz o que ela mandou. Pulso por pulso, cordas leves, justas. Então ela se ajoelhou diante de mim e me beijou. Devagar. Depois se levantou, subiu na cama e se posicionou de quatro de frente para o espelho.
— Me olha — sussurrou. — E se toca.
Fiquei ali, preso, vendo minha mulher exibir a buceta molhada e rebolar devagar. Ela se tocava e gemia, mas com os olhos sempre fixos nos meus. Nunca gozei tão forte apenas com as mãos. E ela, ao ver meu gozo, tremeu em um orgasmo longo e molhado, arfando contra o vidro.
Os novos bilhetes
Pensamos que seria o fim do jogo.
Mas os bilhetes continuaram.
“Você cheira a baunilha e pecado. Quero te provar no escuro.”
“Sua mulher geme como quem pede perdão e prazer ao mesmo tempo. Quero ver os dois gozando juntos — por minha causa.”
Começamos a receber descrições muito íntimas. Como sabiam que Priscila usava perfume de baunilha? Ou que ela gemia de um jeito que só eu conhecia?
A tensão cresceu. O medo misturava-se ao tesão. Priscila começou a se masturbar lendo os bilhetes. E eu? Eu gozei ao vê-la fazer isso.
Entrega final
Na sexta noite, recebemos apenas um bilhete:
“Hoje, às 23h. Retornem à galeria. Último andar. Porta entreaberta. Só vocês dois. A última fantasia é a mais verdadeira.”
Chegamos sem saber o que esperar. A galeria estava escura, mas aberta. Não havia ninguém na recepção. Subimos as escadas devagar. No fim do corredor, a tal porta entreaberta.
Dentro, um quarto de paredes cruas, nuas, com iluminação âmbar suave. No centro, uma cama larga, de lençóis pretos. Na lateral, uma câmera ligada, já gravando. Um espelho tomava a parede inteira atrás da cabeceira, com certeza, alguém ou algumas pessoas nos observava por trás desse espelho. Tudo preparado. Tudo à espera.
Na cama, um único bilhete:
“Vocês inspiraram todos nós. Mostrem agora o que acontece quando o desejo vence o medo.”
Olhei para Priscila. Os olhos dela brilhavam. Um misto de nervosismo e luxúria. Ela estendeu os braços, pedindo que eu a desnudasse.
Comecei devagar. O vestido vinho caiu aos poucos. Sem sutiã. A pele dela arrepiada sob a luz morna. Beijei seu pescoço, os ombros, desci pelas costas até os quadris. Ela ofegava baixinho.
Ajoelhei diante dela. Tirei sua calcinha com os dentes. Priscila apoiou as mãos na parede, com as pernas entreabertas.
A língua encontrou seu clitóris quente e pulsante. Ela gemeu — alto. Lambi devagar, depois com mais pressão. Chupei como quem tem fome de dias. Minha barba arranhava levemente sua pele úmida. Ela empinou o quadril contra meu rosto, buscando mais, exigindo mais.
— Não para — sussurrou, tremendo.
Agarrei suas coxas com força, sentindo o sabor dela escorrer na minha língua. Ela gozou ali mesmo, com a testa encostada no espelho, a boca entreaberta, o corpo arqueando contra mim.
Levantei com a boca ainda suja do gosto dela. Priscila me puxou pelos cabelos e me beijou — sem nojo, sem reservas. Sentimos juntos o sabor da entrega.
A deitei na cama. Ela abriu as pernas como se abrisse um segredo. Meu pau estava duro, latejando. Entrei nela com força. Ela gemeu contra minha boca, arranhando minhas costas, apertando minha bunda com as pernas. O som dos nossos corpos se chocando ecoava pelo quarto. Suor, respiração, pele.
— Me olha — ela disse. — Me mostra pra eles.
Virei seu rosto para o espelho. Fodi devagar, profundo, olhando o reflexo dos seus olhos. E então mais rápido. Mais forte. A cada estocada, ela gritava o meu nome. Eu via os seios dela saltando, o ventre contraído, a boca aberta pedindo mais.
Gozei dentro dela — com um rugido que parecia sair do fundo do peito.
Ela gozou junto, contraindo ao meu redor, gemendo como quem se liberta de um segredo antigo.
Caí sobre ela, ainda dentro. Ficamos ali, suados, tremendo, nus.
Sabendo que fomos vistos.
Sabendo que fomos desejados.
Epílogo
Nunca soubemos quem era 08. Ou 17. Nem quem escreveu o último bilhete.
Mas depois daquela noite, nunca mais fizemos sexo como antes. Olhar deixou de ser um gesto banal. Agora é um convite. Uma promessa.
Às vezes, no metrô, no restaurante, na fila do mercado, Priscila sorri de um jeito estranho. E eu sei: alguém ali está olhando.
E ela está deixando.



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