
NA PELE DO OUTRO
- casalsiri
- 30 de ago.
- 6 min de leitura
O contrato invisível
Fomos juntos àquela clínica por pura curiosidade.
A proposta era simples, mas perturbadora: um experimento sensorial radical, onde, por meio de um protocolo de neuroacoplamento, dois corpos trocariam a consciência por uma noite. Corpo de um, mente do outro.
Assinamos termos de responsabilidade, recebemos explicações técnicas, e depois fomos conduzidos a uma sala escura, silenciosa, com duas cadeiras de couro, lado a lado.
— Pronto pra ser eu? — Priscila sussurrou, nua ao meu lado, os eletrodos sendo fixados em seu couro cabeludo.
— Sempre tive vontade de me tocar com suas mãos — brinquei.
Ela riu. E então, tudo ficou preto.
Quando despertei… o mundo era outro.
Corpo Estranho, Corpo Íntimo
Era como estar sonhando com o corpo de Priscila.
Senti de imediato o peso dos seios ao me mover, o espaço mais estreito entre as coxas, o calor pulsante entre elas — uma sensação difusa, viva. Eu era… ela.
Olhei para a frente. Vi meu corpo. Nu. Sentado. Sorrindo.
— Você está linda — disse minha voz.
Mas quem falava era ela. Priscila, no meu corpo. Observando-se com desejo, tocando o próprio peito, sentindo o timbre masculino que agora saía de sua boca.
Nos aproximamos como se fosse a primeira vez.
A tensão era erótica. Intensa. Quente.
— Vamos brincar? — ela perguntou, me olhando nos olhos.
Assenti. E o jogo começou.
O espelho do desejo
Ainda era difícil me acostumar com o peso do corpo — ou melhor, do corpo dela.
Os seios apontados para frente mal balançavam com cada passo. A pele era mais sensível, o toque mais elétrico. Havia algo delicioso no simples fato de respirar com aqueles peitos grandes, sentir o balanço dos quadris, o calor constante entre as coxas.
Fui até o espelho.
E ali estava eu. Ou melhor, ela.
A Priscila que eu conhecia tão bem — agora de frente para mim, refletida com cada curva, cada detalhe íntimo. Mas ao mesmo tempo… era eu quem comandava.
Meus — os dela, agora meus — olhos fitaram o próprio corpo com uma fome silenciosa. O pescoço delicado. Os silicones firmes e a marquinha perfeita de sol. A barriga suave. E ali, entre as pernas, a buceta que tantas vezes explorei, agora viva em mim.
Me aproximei do espelho. Toquei os seios com cuidado. Estavam quentes, firmes e pesados na medida certa. Apertei os mamilos. O arrepio veio rápido. Uma pontada entre as pernas.
Desci a mão pelo ventre, devagar, explorando o monte de Vênus com a ponta dos dedos. A pele lisa e quente. E então, os lábios. Minhas pernas se abriram involuntariamente, sedentas.
Espalhei os dedos.
A visão no espelho era pornográfica e fascinante. Vi os grandes lábios se separarem, rosados e brilhantes. O clitóris estava ali, sensível, à flor da pele.
Quando toquei, foi como um pequeno choque. O prazer se espalhou pelo corpo inteiro.
Comecei a me masturbar.
Lentamente no início, explorando os contornos. A umidade já escorria, manchando as coxas. Deslizei dois dedos para dentro — e gemi alto.
Era apertado. Quente. Macio de um jeito impossível de descrever.
Toquei com a precisão de quem sabia exatamente o que fazia.
Porque eu sabia.
Sabia o que me dava prazer. Sabia onde pressionar. Sabia o que ela sentia quando fazia isso.
E agora, eu sentia tudo.
Foi então que Priscila entrou no quarto.
Ou melhor — eu entrei. Ela, no meu corpo, sorrindo ao me ver frente ao espelho, com os dedos enterrados na própria buceta.
— Gosta do que vê? — ela provocou, minha voz saindo da boca dela.
Assenti, ofegante.
Ela se aproximou por trás, ainda usando meu corpo. Me envolveu com os braços. Seus dedos grandes, agora os meus, deslizaram pelas laterais do meu corpo feminino. Me abraçou, me sentiu.
E começou a guiar minha mão.
— Faz assim — sussurrou. — Como eu gosto.
Com os dedos entre os meus, ela controlou os movimentos, aumentando o ritmo, pressionando o clitóris no ponto exato.
Me torci de prazer. O calor subia pelas pernas, pelo ventre, pelo peito.
E então, no espelho, vi a cena surreal: meu corpo masculino abraçado ao corpo da Priscila, ambos se masturbando ao mesmo tempo, gemendo em uníssono, como um par de espelhos invertidos.
— Assim que você gosta de mim? — perguntou, agora tocando meu (seu) corpo com minhas mãos.
— Melhor do que imaginei — respondi.
Ela me empurrou gentilmente contra a parede. Ajoelhou-se. E então vi — meu próprio rosto com a barba cerrada entre minhas pernas, lambendo com uma fome tão conhecida quanto estranha.
A língua invadia. Os dedos abriam minha vulva com perícia. Sabia exatamente onde tocar, o ritmo certo, a pressão no clitóris.
Gozei violentamente, com as pernas tremendo. Um orgasmo diferente de tudo que já havia sentido como homem. Longo, profundo, como se a alma escapasse entre as coxas.
Invertendo o mundo
Ela estava no meu corpo — e agora deitada, com as pernas abertas sobre os lençóis. A ereção dela — minha ereção — pulsava firme, apontada para cima. O peito arfava. O rosto — o meu rosto — tinha aquele brilho quente de quem está prestes a perder o controle.
Eu, no corpo da Priscila, me aproximei com um misto de reverência e curiosidade. Era surreal ver meu corpo dessa forma: como amante e como objeto de desejo.
Ajoelhei entre suas pernas e, com as mãos femininas que agora eram minhas, envolvi o pau que já conhecia de cor — mas nunca tinha sentido assim, do lado de fora.
A textura. O peso. A resposta imediata ao toque.
Era como segurar um segredo que finalmente me era revelado.
Priscila, no meu corpo, gemeu com minha voz.
— Isso… me toca do jeito que você gosta — ela provocou, os olhos vidrados em mim.
Comecei a masturbar com lentidão, com precisão. Sabia o ritmo. Sabia o ponto onde o frenesi se concentrava. Ver meu pau duro entre os dedos femininos foi absurdamente excitante.
Mas queria mais.
Subi sobre ela, agora com o corpo da Priscila, e guiei a glande até a entrada da minha… da nossa buceta.
— Posso? — perguntei, sentindo o calor ali embaixo.
— Vou foder eu mesma — ela disse, sorrindo com meu rosto.
E eu fiz.
Desci lentamente, sentindo cada centímetro entrando. Meu pau dentro da minha buceta.
O choque sensorial foi imediato. Era como estar em dois lugares ao mesmo tempo. Como dar e receber ao mesmo tempo.
Senti o calor se abrindo, a pele se esticando. O prazer profundo de penetrar. E o prazer alucinante de ser penetrada.
Comecei a cavalgar — cada movimento enviando choques pelos dois corpos.
Eu gemia com a voz de Priscila. Ela gemia com a minha.
— É assim que você me sente? — perguntei, montada nela, me fodendo com a força que ela gostava.
— E agora você sabe — ela sussurrou, entre gemidos. — Cada estocada. Cada estalo. O prazer de ser fodida assim…
Atingimos o clímax quase juntos.
Senti o orgasmo vindo de dentro e de fora.
A contração profunda da buceta que agora era minha, enquanto o pau — meu pau — pulsava e jorrava lá dentro.
Gozei sendo ela. E ela gozou sendo eu.
No mesmo corpo, no mesmo ato, no mesmo gozo.
Ficamos imóveis por longos minutos. Suados. Molhados. Trocados.
Nos olhos dela, vi meu reflexo. E sorri.
O retorno às peles
Quando acordamos, já estávamos de volta. Cada um em seu corpo.
Os eletrodos haviam sido removidos durante a noite, e a equipe da clínica nem nos despertou — sabiam que o impacto do retorno poderia ser emocional.
Sentíamos… falta. Não saudade. Mas a memória física do outro.
O corpo parecia o mesmo, mas agora havia um eco estranho de prazer gravado sob a pele.
Eu sabia como ela gostava de ser tocada, porque eu fui ela.
Ela sabia como me masturbar melhor do que nunca, porque ela me habitou.
E não nos conteve por muito tempo.
No táxi de volta, ela cruzou as pernas de leve. Me olhou de lado.
— Você também tá lembrando?
— O tempo todo — respondi, já ficando duro só com aquele olhar.
Ainda somos dois
Às vezes, nos pegamos olhando no espelho, lembrando da noite da troca.
Ela me pergunta:
— Você sente falta de ser eu?
Eu respondo:
— Não. Porque agora, cada vez que te toco… é como se ainda estivesse na tua pele.
E ela sorri.
E se abre de novo.
E me deixa entrar.



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