
O BARALHO DOS DESEJOS
- casalsiri
- 30 de ago.
- 6 min de leitura
A tenda vermelha
A tenda cheirava a incenso barato e mistério. O tecido vermelho vibrava com o vento lá fora, mas ali dentro, tudo parecia imóvel — como se o tempo esperasse em silêncio. Priscila apertava minha mão com força, mas tinha aquele olhar inquieto que eu conhecia bem. Curiosa. Excitada. Nervosa.
A cartomante era uma mulher de cabelos pretos compridos, vestida como se tivesse saído de um teatro — colares, argolas, lenços. Mas havia algo nos olhos dela, um brilho quase hipnótico, que calou qualquer ironia que eu pudesse sentir.
— Sentem-se. — A voz dela era baixa, arrastada, quase uma carícia. — Vocês vieram buscar respostas… ou provocações?
Priscila soltou minha mão e cruzou as pernas. Estava com aquela saia que mal cobria o essencial e, quando ajeitou o corpo na cadeira, deixou escapar um suspiro que só eu ouvi. A cartomante embaralhou as cartas lentamente, como se cada toque despertasse um feitiço.
— Isso aqui é o Baralho dos Desejos, — ela disse, sem tirar os olhos de Priscila. — Ele revela não o futuro… mas o que vocês tentam esconder até de si mesmos.
Priscila mordeu o lábio. Aquilo era pra ser só uma brincadeira — ou foi o que ela disse quando sugeriu virmos até aqui. Mas agora, com as velas tremulando e o olhar da cartomante fixo nela, eu vi: não era brincadeira nenhuma.
— Corte o baralho com a mão esquerda, mulher.
Ela obedeceu, e a cartomante virou três cartas. A primeira era O Diabo. A segunda, A Sacerdotisa. A terceira, uma carta que eu nunca tinha visto: dois homens, nus, tocando uma mulher deitada.
— Hmm… — a cartomante sorriu, os dedos tocando a borda da carta com carinho. — Esse desejo… é antigo. Forte. Oculto. Você já o teve antes, Priscila, não é?
Minha esposa empalideceu. Arqueou as sobrancelhas como quem quer negar — mas não consegue.
— Você imagina, à noite… quando se toca. Dois homens. Um atrás, outro à frente. Um dominando sua boca, outro segurando sua cintura. Você de joelhos. Ou com as pernas abertas. Um te preenchendo enquanto o outro segura sua garganta com força, como se você fosse de ambos ao mesmo tempo. Como se não houvesse regras. Só vontade.
O silêncio pesou. Eu olhei pra Priscila. Ela não desviava o olhar da carta. As coxas dela estavam pressionadas, o rosto ruborizado, os lábios entreabertos. Ela não falou nada.
Mas eu senti.
O desejo dela vibrava como eletricidade no ar. Não era encenação. Ela já tinha imaginado isso. Muitas vezes.
A cartomante me olhou, como se lesse meus pensamentos.
— Não tenha medo de desejar junto. — ela disse. — Um desejo revelado… não é traição. É convite.
Priscila virou o rosto pra mim. Os olhos dela brilhavam. Vergonha, sim. Mas também tesão. Quente, sujo, incontrolável.
Eu estendi a mão por baixo da mesa e segurei a dela.
Senti que ela tremia. Mas não era medo.
Era vontade.
O espelho interno
A cartomante pousou os dedos sobre a carta da mulher com dois homens. Massageou lentamente a borda do papel como se tocasse pele viva. O gesto era quase obsceno — e Priscila não conseguia desviar o olhar.
— Esse desejo… — ela murmurou — não é só carne. É entrega. É se despir do controle. É ser tomada até não saber onde termina um e começa o outro.
A mão da cartomante se moveu com suavidade sobre a mesa, desenhando no ar o que dizia. Os olhos dela se cravaram nos de Priscila.
— Você se imagina no meio. Sentindo duas peles diferentes contra a sua. Duas respirações. Duas mãos. Duas vozes te mandando abrir mais. Gozar mais. Ser mais puta do que você ousa admitir.
Vi Priscila fechar os olhos por um instante. Longo. O peito subia e descia mais rápido agora. As pernas estavam trêmulas.
A cartomante continuou.
— Um segura seu cabelo, puxa sua cabeça pra trás. O outro lambe seus seios com fome, enquanto você geme, engasgada. Você quer que eles te usem. Não como brinquedo… mas como templo. Você quer que te venerem através do gozo.
Aquelas palavras batiam em mim como faíscas no couro. O pau já estava duro há minutos, mas agora pulsava contra a calça, como se quisesse sair pra participar da cena. E eu sabia — sabia que ela estava molhada. Pronta. O corpo dela não negava.
A cartomante virou mais uma carta. Um par de olhos dourados. O nome: O Espelho Interno.
— Esse desejo é real, mas vive só dentro. Só no espelho. Ele aparece quando você está sozinha. Com os dedos entre as pernas, imaginando-se sendo fodida por mais de um ao mesmo tempo. Ajoelhada. Submissa. Gritando. Sem culpa, sem juízo, sem pudor.
Priscila abriu os olhos. Havia algo diferente neles. Como se a fantasia tivesse se soltado dentro dela, finalmente, sem correntes. Ela me olhou. E eu soube — ela queria que eu escutasse tudo. Que eu visse. Que eu soubesse o que se passava por trás daqueles gemidos abafados no escuro do quarto.
— Você não quer que aconteça — a cartomante disse, com firmeza. — Quer apenas imaginar. Sentir. Repetir esse gozo dentro da sua mente, toda vez que estiver com ele. Com seu marido.
Ela então virou-se para mim, o olhar penetrante:
— E você? Vai ter coragem de ouvir mais?
Eu não respondi.
Só apertei a coxa de Priscila por debaixo da mesa. Ela arfou.
A sessão estava longe de terminar.
Voz do desejo
A cartomante fechou os olhos por um momento. Depois os abriu lentamente e sorriu. Um sorriso calmo, quase maternal, mas carregado de malícia.
— Priscila, tire os sapatos. Abra as pernas. Deixe o desejo respirar.
Minha esposa hesitou por uma fração de segundo. Depois deslizou os pés pra fora das sandálias e afastou os joelhos, como se estivesse abrindo mais que o corpo — estava abrindo a mente, o segredo, o pecado.
A cartomante tirou um espelho de mão, antigo, com moldura dourada e trincos no vidro. Entregou-o a Priscila.
— Olhe pra si. Veja o que esse desejo faz com você. Veja como ele vive aí dentro, escorrendo entre suas pernas mesmo sem ninguém te tocar.
Priscila inclinou o espelho. Vi o reflexo da calcinha preta já úmida colada nos lábios dela. A respiração ficou mais pesada. O rosto, corado. Mas ela não desviou.
— Agora, diga. Diga em voz alta o que vê. O que sente. O que imagina.
Ela hesitou. Depois soltou:
— Eu vejo minha boceta molhada… latejando. Eu vejo o que eles fariam comigo. Um me segurando pelos cabelos, me forçando a chupar… o outro me fodendo por trás, com força… me abrindo toda.
A cartomante se sentou de novo, satisfeita.
— Continue.
— Eles me viram de lado. Um ajoelha, abre minhas pernas e enfia a língua fundo, me fazendo gozar só na boca dele… enquanto o outro bate na minha bunda e diz que ainda não é hora.
Ela fechou os olhos. A outra mão foi parar entre as coxas, passando devagar por cima do pano da calcinha.
— Eu sinto os dois dentro de mim. Um no meu cu, outro na minha boceta. Revezando. Me chamando de puta. Dizendo que sou deles. Que nasci pra isso. Pra ser fodida sem dó, sem pausa.
A cartomante murmurou:
— Eis o poder do desejo quando ele é permitido. Vocês ainda querem parar?
Minha resposta veio com os dedos. Enfiei dois nela de uma vez. E Priscila soltou um grito abafado de prazer, curvada na cadeira, tremendo.
O clímax do ritual
Meus dedos mergulhavam nela. Molhados, fundos, ritmados. A boceta dela pulsava como se puxasse minha mão, implorando por mais. Ela estava toda entregue.
— Sinta. — murmurou a cartomante — Sinta como é ser fodida pelo desejo. Não por outro homem, não. Mas pelo seu próprio fogo.
Priscila gemeu, o corpo arqueando. Eu levantei o sutiã dela e suguei o mamilo com força. Ela se contorcia, arfava, murmurava entre dentes:
— Eu vejo eles… um segurando minha garganta, o outro batendo na minha bunda… me fodendo… me abrindo… me fazendo gozar…
— Diga. — disse a cartomante. — Goze com eles. Goze com você mesma.
— Eu vou… ai, meu Deus… eu tô… Gozando!
Ela explodiu em espasmos. Um gozo forte, gritado, molhado. A cadeira, a minha mão, tudo estava encharcado do prazer que escapava dela como lava.
A cartomante não disse mais nada. Apenas sorriu.
— O desejo, quando é aceito, não corrompe. — disse, por fim. — Ele revela.
Pagamos, sem nem perguntar o preço. Priscila ainda tremia quando saímos da tenda.
Mas é o desejo?
Esse não ficou lá dentro.
Ele saiu com a gente.



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